Quanto mais eu penso, mais inundação acontece.
Eu queria acordar um dia e sentir meu coração quase parar. Meus olhos se arregalariam procurando uma brecha de ar para sobreviver a minha garganta sufocada. Eu sentaria de supetão na cama, lutaria pela minha vida, e depois cairia num baque silencioso de volta no colchão.
Eu não estaria morta.
Recuperada do susto, um pesadelo acusado nas batidas do meu peito. Eu sentiria. Sentiria aquilo que não posso descrever, porque nunca senti.
Suor frio, minha espinha sente arrepios. Já não sou mais a mesma. Minhas mãos vão em direção a minha boca semiaberta, e escorregam pelo meu lábio inferior perplexo. Eu renasci.
Queria acordar um dia e realmente despertar. Despertar dessa névoa escura que cobrem nossos olhos, dos jingles barulhentos que não nos permitem ouvir nossos próprios pensamentos. Sentir vida sem conservantes. Sentir que somos todos um só.
O solitário, nunca sabe quando chega o orgasmo. Ele fecha os olhos com medo e reza para acabar.
Vertigem Solitária
Retalhos de solidão (por Daniela Moraes)
sexta-feira, 12 de maio de 2017
Texto sem sentido (tal como a vida)
Tento voltar para o ponto em que não sentia nada
Catatônica, eu não sentia as batidas do meu próprio coração
Olhava para o mundo como uma criança assustada
Indefesa, projetava em meu epicentro particular uma capsula impenetrável
A qual negava, afirmando acessibilidade
Abri janelas, mudei perspectivas.
Mas hoje, dos meus olhos desprotegidos,
sinto estranheza.
São como as verdades que ouvimos repetidamente e assimilamos
Mas só cometendo alguns erros é que elas fazem sentido
Agora entendo [e não suporto]
Sinto que não pertenço a tudo isso, ainda que oficialmente eu pertença
Não me sinto bem-vinda
Tampouco uma intrusa
Só uma telespectadora passiva, diante da miséria
hipocrisia
caos.
Queria segurar as mãos de todas as pessoas do mundo,
mas nem ao menos consigo acender minha lampada.
Catatônica, eu não sentia as batidas do meu próprio coração
Olhava para o mundo como uma criança assustada
Indefesa, projetava em meu epicentro particular uma capsula impenetrável
A qual negava, afirmando acessibilidade
Abri janelas, mudei perspectivas.
Mas hoje, dos meus olhos desprotegidos,
sinto estranheza.
São como as verdades que ouvimos repetidamente e assimilamos
Mas só cometendo alguns erros é que elas fazem sentido
Agora entendo [e não suporto]
Sinto que não pertenço a tudo isso, ainda que oficialmente eu pertença
Não me sinto bem-vinda
Tampouco uma intrusa
Só uma telespectadora passiva, diante da miséria
hipocrisia
caos.
Queria segurar as mãos de todas as pessoas do mundo,
mas nem ao menos consigo acender minha lampada.
quinta-feira, 30 de março de 2017
Se eu morrer amanhã
Se eu morrer amanhã, deixei uns versos mastigados
que acusam a minha mediocridade sem talento
Se eu morrer amanhã, lembre-se de empacotar os meus pertences
e jogá-los a revelia
de ruas em que nunca estive, mas as quais adoraria me perder
Se eu morrer amanhã, olhe para o meu corpo gélido
acenda um incenso, e coloque os clássicos para tocar
-Quero beijar a terra sem a atmosfera mórbida do silêncio
Se eu morrer amanhã, ainda que não tenha um amor
convide o violinista de rua
por quem sei que me apaixonei em outra vida
Se eu morrer amanhã, quero que esforce-se
lembre-se, por favor, dos momentos em que meu olhar não esteve vazio
Naqueles raros minutos de esperança, que compartilhei silenciosamente
em comunhão com o universo
Se eu morrer amanhã, sem feitos
quero que me esculpa uma coisa:
um relógio sem ponteiros envernizado
para que, mesmo no descanso eterno,
eu seja capaz de lembrar que o tempo é infinito
e que a vida é apenas um instante, perante a eternidade da morte.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
Depois do suspiro [SUFOCO]
Já não vejo mais a sombra
que cobria a copa das árvores
E me fazia sentir-se pequena
Em um mundo onde todos parecem gigantes
Por isso amo a pequenez do mundo
Do invisível visível que só vê quem quer
[e pode]
Eles as vezes me enxergam
Com uma curiosidade espantosa
Enquanto ergo minha cabeça para o alto como uma ginasta
Procurando no céu o silêncio da criação
A experiência da vida é como um devaneio consciente
Onde [mesmo em desajuste]
a perfeição é inventada
e as aparências recicladas
e as verdades destruídas
Para você apenas desejo sorrisos
- sem julgamentos
que cobria a copa das árvores
E me fazia sentir-se pequena
Em um mundo onde todos parecem gigantes
Por isso amo a pequenez do mundo
Do invisível visível que só vê quem quer
[e pode]
Eles as vezes me enxergam
Com uma curiosidade espantosa
Enquanto ergo minha cabeça para o alto como uma ginasta
Procurando no céu o silêncio da criação
A experiência da vida é como um devaneio consciente
Onde [mesmo em desajuste]
a perfeição é inventada
e as aparências recicladas
e as verdades destruídas
Para você apenas desejo sorrisos
- sem julgamentos
quinta-feira, 26 de janeiro de 2017
Sexta a noite
Que alma aflita é essa?
Que se desespera com o som das bandas de garagem.
Que se entristece ao ver a miséria dos que tem muito- e se mantém sem nada.
Que esta sozinha numa sexta a noite.
Quando todos diziam que a juventude era como um filme de 90 minutos sem reprise.
Mas eu não costumo cair bêbada no chão de ruas desconhecidas.
E meu conceito de amor não se limita a conta de bocas por noite.
Nem a bituca de cigarro jogada no chão despretensiosamente.
Mais de 50 minutos já se passaram,
Que se entristece ao ver a miséria dos que tem muito- e se mantém sem nada.
Que esta sozinha numa sexta a noite.
Quando todos diziam que a juventude era como um filme de 90 minutos sem reprise.
Mas eu não costumo cair bêbada no chão de ruas desconhecidas.
E meu conceito de amor não se limita a conta de bocas por noite.
Nem a bituca de cigarro jogada no chão despretensiosamente.
Mais de 50 minutos já se passaram,
E eu continuo a não entender esse enredo desonesto, de fotografia ruim.
(07 de outubro de 2016)
quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
Retiro-me
Eu perdi a noção do tempo
Encarando, atônita, as luzes e sombras das passagens da vida
Meus olhos perplexos fitam o vazio
Enquanto meus pensamentos se solidificam
[E meu corpo padece]
Encarando, atônita, as luzes e sombras das passagens da vida
Meus olhos perplexos fitam o vazio
Enquanto meus pensamentos se solidificam
[E meu corpo padece]
Não me salvei a tempo de ver a catástrofe desses dias escuros.
terça-feira, 29 de novembro de 2016
Amnésia auto-infligida
Nesse mesmo novembro
que só existe agora
Do seu primo distante
codinome ano passado
Eu caminhava pela mesma rua
na companhia de livros que nunca li
com a mesma blusa azul
e o mesmo sol que deixava meus ombros vermelhos
Sintia-me melancólica
e esperançosa
Tal como me sinto hoje
A companhia não é a mesma
os pés que andam do meu lado pertencem ao passado
enquanto você é futuro
Eu falava mal dos domingos
andava olhando para as mesmas arvores
agora um ano mais velhas
Imaginava dias distantes
que já chegaram
tal como faço agora
com essa máquina do tempo incerta
que é a vida
Hoje consigo escrever
pois o sentimento das memórias se foi
e elas são fotografias vazias
que posso significar como quiser
Aceitei minha mediocridade
escrevo versos ruins
já não me importo mais
Aprendi a me doar para a vida
ainda que em parcelas
E sentei no mesmo banco molhado
andando na chuva com os mesmos sapatos surrados
E o engraçado é
nada mudou
Eu só esqueci de sentir.
que só existe agora
Do seu primo distante
codinome ano passado
Eu caminhava pela mesma rua
na companhia de livros que nunca li
com a mesma blusa azul
e o mesmo sol que deixava meus ombros vermelhos
Sintia-me melancólica
e esperançosa
Tal como me sinto hoje
A companhia não é a mesma
os pés que andam do meu lado pertencem ao passado
enquanto você é futuro
Eu falava mal dos domingos
andava olhando para as mesmas arvores
agora um ano mais velhas
Imaginava dias distantes
que já chegaram
tal como faço agora
com essa máquina do tempo incerta
que é a vida
Hoje consigo escrever
pois o sentimento das memórias se foi
e elas são fotografias vazias
que posso significar como quiser
Aceitei minha mediocridade
escrevo versos ruins
já não me importo mais
Aprendi a me doar para a vida
ainda que em parcelas
E sentei no mesmo banco molhado
andando na chuva com os mesmos sapatos surrados
E o engraçado é
nada mudou
Eu só esqueci de sentir.
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